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Campanha online faz pressão por brinquedos com personagens deficientes

#Salasocial: Para difundir ideia, mãe britânica passou a adaptar brinquedos, como bonequinhos cadeirantes e princesas com aparelho auditivo.

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Juntamente com outras duas mães, Rebecca Atkinson criou a campanha #ToyLikeMe (Foto: Beth Moseley Photography | #ToyLikeMe)

Como muitos pais de crianças pequenas, a jornalista inglesa Rebecca Atkinson às vezes tem de desbravar, dentro da própria casa, um mar de bloquinhos coloridos com minimágicos, minifazendeiras e outros tantos bonequinhos de plástico.

Em abril deste ano, ela começou a reparar nos brinquedos dos filhos mais de perto e percebeu que nenhum deles representava crianças com deficiências.

“Naquele momento me deu um estalo. Brinquedos entretém e também educam. Quase sem nenhum personagem deficiente, o que essa indústria está ensinando para as crianças?”, disse à BBC Brasil.

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A britânica usa massinha e peças de plástico para adaptar brinquedos (Foto: Beth Moseley Photography | #ToyLikeMe)

Rebecca decidiu então criar uma campanha – #ToyLikeMe – para pressionar empresas de brinquedos a criar personagens com algum tipo de deficiência.

Mais do que isso, ela quer mostrar a importância de brinquedos desse tipo para as crianças com e também sem deficiências. Na semana passada, a campanha conseguiu seu primeiro grande trunfo: a Playmobil no Reino Unido anunciou que lançará uma série retratando deficientes.

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A personagem Elsa, do filme da Disney ‘Frozen’, foi fotografada com um aparelho auditivo após o relato de uma mãe cuja filha acreditava que princesas não usavam o dispositivo (Foto: Beth Moseley Photography | #ToyLikeMe)

Veja trechos do depoimento que Rebecca deu à BBC Brasil:

“Quando me dei conta de que os brinquedos dos meus próprios filhos não representavam os deficientes, isso mexeu muito comigo porque eu era uma dessas crianças. Eu cresci usando aparelho auditivo e nunca me vi representada em nenhum lugar. Não havia pessoas surdas na TV, nos quadrinhos que eu lia e nem nos meu brinquedos.

Comecei a pesquisar sobre isso e descobri que não tinha nenhuma organização que tratasse do tema. Então, chamei duas amigas que são mães de crianças com deficiências e começamos a campanha #ToyLikeMe.

Abrimos uma página no Facebook e um perfil no Twitter e começamos postando imagens de brinquedos com deficiências que encontrávamos na internet, mas quase não havia nada. Então, começamos a fazer a adaptar os brinquedos nós mesmos.

Quando postamos uma foto da Tinker Bell (Sininho) usando um implante coclear, feito com massinha, a foto viralizou. Foi compartilhada por pais de todos os cantos do mundo cujos os filhos eram surdos ou tinham audição reduzida – e viviam a angústia de decidir se o filho deveria usar o aparelho e o temor de ver a criança excluída da sociedade.

Então, começamos a adaptar mais brinquedos e a pedir que nossos seguidores enviassem fotos dos deles também. Eu fiz cadeira de rodas e aparelhos auditivos para os bonequinhos de Playmobil dos meus filhos e bengalas para uma boneca Lottie.

Recebemos centenas de mensagens de pais, inclusive do Brasil, que estão em busca de brinquedos que representem os problemas de seus filhos.
Para mim, esses brinquedos servem tanto para ajudar a criança (“olhe como o ursinho está colocando o aparelho”), como para mostrar que é ok ser diferente.

Uma das mensagens que mais me emocionou foi a de uma mãe que disse que depois de a filha começar a usar aparelho auditivo, a menina não brincava mais de princesa porque ela achava que as princesas jamais usariam um.

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Rebecca Atkinson decidiu criar a campanha após perceber que entre os brinquedos de seus filhos não havia nenhum personagem deficiente (Foto: BBC)

Então eu fiz uma foto da Elsa (estrela do filme Frozen) usando a hashtag #deafelsa (Elsa surda) e outras pessoas começaram a compartilhar fotos com a boneca adaptada.

A mensagem da #ToyLikeMe não é apenas dizer que crianças deficientes precisam de brinquedos assim, mas, sim, dizer que todas as crianças precisam ver uma representação positiva de deficiências nas caixas de brinquedos, assim, todas elas vão crescer com uma atitude mais positiva.

Também é importante para nós lutar contra estereótipos. Eu sou deficiente (ela também tem um problema de visão) e passo apenas 0,000001% da minha vida no hospital. Mesmo assim, as crianças deficientes estão sempre sendo relacionadas a hospitais, perpetuando o senso comum de que os deficientes pertencem a hospitais. É assim que você ensina o preconceito para uma criança.

Então, é muito poderoso mostrar deficientes fazendo coisas normais, se divertindo, fazendo churrasco, praticando esportes.
Massinha
Além de massinha, uso fios, cola e outros materiais para adaptar os bonecos, fazer aparelhos e cadeiras de roda. Muita gente me pede para comprar, mas as adaptações que faço são frágeis, não durariam cinco minutos nas mãos de uma criança.

É por isso que pressionamos as empresas de brinquedos. É por isso que comemoramos tanto na semana passada. Na nossa campanha, lançamos uma petição online para pressionar a Playmobil a passar a vender bonecos similares aos que criamos.

Mais de 50 mil pessoas assinaram em uma semana e a Playmobil concordou em lançar uma linha de brinquedos inspirados na #ToyLikeMe.
Entramos em contato com muitas empresas. Para as pequenas, sai caro demais ter máquinas com moldes de cadeira de roda, por exemplo.

Companhias maiores, como Lego, Hasbro, Disney e Mattel (fabricante da Barbie), podem arcar com esses custos, mas infelizmente eles não responderam nossos contatos.

Acho ótimo que empresas como Lego criaram um bonequinho que é um senhor na cadeira de rodas. Mas gostaríamos que a empresa fosse além. Criamos, por exemplo, uma pista de skate usada por cadeirantes para ilustrar nossa nova petição online e inspirar a Lego e outras empresas.”

Fonte: BBC Brasil

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