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Paratleta adolescente perde prótese e emociona o público ao concluir a prova saltitando

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Gabriel Neris, de 15 anos, com a prótese que se desprendeu durante a prova no Ibirapuera

Nem sempre a história no esporte é marcada por aquele que vence uma prova ou competição. Os momentos de superação e de luta são um capítulo à parte. Uma nova história foi protagonizada no fim de semana pelo rio-pretense Gabriel Neris, 15 anos, durante a prova dos 100 metros do atletismo, no Circuito Paralímpico Caixa, no Ibirapuera, em São Paulo. Quem não se lembra da maratonista suíça Gabrielle Andersen, que cruzou a linha de chegada praticamente se arrastando na Olimpíada de Los Angeles, 20 minutos depois da primeira colocada, em 37º lugar.

Ou do brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima, na maratona dos jogos de Athenas, em 2004. Ele liderava quando foi atacando pelo ex-padre irlandês Cornelius Horan, perdeu dez preciosos segundos, concentração, mas não a gana de correr para ficar com a medalha de bronze. São casos semelhantes ao de Gabriel, que emocionou muita gente em São Paulo. A prótese que substituiu sua perna direita se soltou nos primeiros metros da corrida, a queda foi feia, mas o jovem atleta do Clube Amigos dos Deficientes (CAD/Vetnil/Smel/Novartis) teve a atitude de um verdadeiro campeão.

“Me levantei e pensei que teria de terminar a prova, mesmo que fosse o último a chegar”, disse Gabriel, que saltitou os 85m restantes da prova até a linha de chegada. A comoção geral e lágrimas ofuscaram a chegada do astro paralímpico Alan Fonteles, que é da classe T44, mas dividiu as raias com outros quatro atletas das classes T43 e T42, que só tinha Neris inscrito. “Parecia um comercial de TV, emocionante, todos bateram palmas e vi gente chorando”, disse o treinador Otávio Marques.

O motivo da prótese ter se soltado é simples. Trata-se de uma peça apenas de locomoção e não é usada para a prática esportiva e em competições. “Hoje uma prótese custa R$ 70 mil, dinheiro que daria para comprar dez cadeiras de atletismo ou comprar o material esportivo usado o ano todo pelo CAD”, disse Marques, acreditando que a comoção gerada pelo gesto de Gabriel possa ajudá-lo a ter o material. “Rio Preto tem um empresariado enorme, quem sabe não aparece alguém.”

Hoje, a prótese de Gabriel custa em torno de R$ 18 mil e é repassada a pessoas portadoras de deficiência pela rede Lucy Montoro, através do núcleo de reabilitação municipal. As diferenças estão no material e na articulação do joelho. A que ele usa é feita em alumínio, pesa três quilos e ele tem de usar força do quadril para que tenha o movimento mecânico do joelho. A de competição é feita em fibra de carbono, pesa meio quilo a menos e a alavanca é feita com o próprio peso.

Pratica esportes há 7 anos

Morador de Bady Bassitt, o jovem Gabriel nasceu com uma má formação, tendo o pé colado ao fêmur e sem a articulação. Teve de ser amputado aos dois anos de idade e aprendeu a andar sem o membro inferior. Ativo, sempre gostou de praticar esportes e chegou ao Clube Amigos dos Deficiêntes (CAD/Vetnil/Smel/Novartis) em 2008. Seu grande sonho era jogar futebol de amputados, uma modalidade paralímpica. “Eu disse para ele treinar que a gente definiria a modalidade.

Em 2012 ele começou no atletismo durante os Jogos Escolares”, conta o técnico Otávio Marques. Sete anos depois, Gabriel Neris é uma promessa no atletismo paralímpico. O investimento em uma nova prótese poderia lhe trazer mais benefícios. “Ele tem condições de ser um grande velocista, é magro, está pronto para correr 100m, 200m, 400m”, diz Marques.

E o jovem sonha alto. Se espelha no astro Usain Bolt, o jamaicano mais rápido do mundo. “Com uma prótese melhor seria questão de treino, adaptação, que os resultados viriam”, disse Gabriel, que em São Paulo foi campeão do salto em altura (marcou 1,25m) e vice no salto em distância (2,98m), dez centímetros na frente do seu parceiro de equipe Gregório Maioli Lopes, mas distante de Vinícius Rodrigues, da ADD São Paulo, que ganhou com 4,04m.

Gabriel treina duas vezes por semana com o CAD, na pista do bairro Eldorado, levado por uma van do município. Agora, deve aumentar em um dia o treinamento semanal. Em Bady Bassitt, ele divide seu tempo com a escola e os amigos, numa rotina normal para jovens da sua idade. “Gosto de jogar bola, vídeogame, andar de bike e skate”, finaliza Gabriel.

Fonte: diariodaregiao.com.br

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