Câmara promove audiência para debater acessibilidade
Em meio a críticas e denúncias sobre o descaso com que a situação das pessoas com deficiência é tratada em Sorocaba pelo poder público, a Câmara realizou nesta segunda-feira (6) audiência para discutir a criação de uma diretoria vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Social que ficaria encarregada de executar políticas públicas de atenção a esse e também ao problema dos idosos.
O encontro foi convocado pelo vereador Luís Santos (Pros) e reuniu representantes das secretaria de Desenvolvimento Social, Serviços Públicos, Obras e Mobilidade Urbana (Seob). A questão da acessibilidade foi o principal alvo das reclamações apresentadas no plenário da Casa.
Cadeirantes como Eduardo José de Souza manifestaram sua indignação. Emocionado, Souza disse que está perto de completar 60 anos e que espera viver para ver as mudanças prometidas por governos que se sucederam. “Não sei se estaremos vivos até eles fazerem o que prometeram. Nós não podemos mais esperar; temos de resgatar nossa dignidade, o respeito e usar aquilo que é nosso por direito agora”, desabafou.
Outro cadeirante, Carlos Botelho, apontou falhas nas poucas rampas existentes em calçadas que dão acesso a locais de grande concentração de público. Citou o exemplo de um shopping no qual tentou entrar cuja rampa era tão inclinada que chegou a cair. Pai de pessoa com deficiência, José Edson Oliveira lembrou que não existe no município fiscalização para os abusos cometidos contra essa camada da população.
“Temos tantos dispositivos, mas nenhum é rigorosamente obedecido. Onde estão os fiscais da Urbes que não dão conta de punir essas práticas? É um absurdo. Só ouvimos dizer que o problema é estudado. A Prefeitura deve ter o melhor e mais preparado quadro de técnicos, de tanto estudo que fazem. Só não colocam nada em prática”.
O representante da Seob, Galdino Reis, informou que o Município desenvolve estudos para ampliar dispositivos de acessibilidade no anel viário formado pelas principais avenidas da região central, mas não soube precisar quando o equipamento estará concluído. Por enquanto, apenas a rua Brigadeiro Tobias, que foi alargada, conta com esse serviço.
Diante do quadro, o vereador Luís Santos deverá encaminhar requerimento à Urbes para saber quantas pessoas com deficiência estão cadastradas para uso do transporte público especial na cidade. Santos quer, ainda, incorporar ao debate a situação da empregabilidade a partir do cumprimento da lei que obriga empresas a destinarem vagas aos deficientes físicos.
O parlamentar leu trecho de reportagem do Cruzeiro do Sul datada de novembro do ano passado na qual dados divulgados apontam que as contratações caíram com esse objetivo caíram mais de 50% no município. Ele deverá visitar a unidade do Senai, em Itu, considerada referência no trato da questão para conhecer o trabalho lá realizado.
Outra medida que Santos pretende encampar é abrir espaço para que os trabalhadores lesionados por acidentes no trabalho possam colocar suas reivindicações. “Soubemos que entidade que representa essa categoria pede que o Cerest (Centro de Referência de Saúde do Trabalhador) retome seu funcionamento normal e queremos acompanhar o desdobramento dessa demanda”.
Ele irá, ainda, apresentar na Câmara projeto de lei dispondo sobre a obrigatoriedade de as empresas oferecerem transporte adaptado às necessidades de funcionários com deficiência. Em relação à situação dos idosos, a coordenadora local do programa dirigido aos mesmos, Iara Santoro, anunciou que o governo municipal deverá agir com mais rigor e punir o funcionamento irregular de casas voltadas ao atendimento desse público. Uma reunião no próximo dia 16, no 3º Distrito Policial, onde funciona a Delegacia do Idoso, deverá definir as ações que serão colocadas em prática.
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