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Lei, Inclusão, Isenção e Vagas

Fonte de inspiração, Lais Souza pode “ser lei” e mudar pesquisas no Brasil

celula-tronco

A vida de Lais Souza mudou completamente desde o acidente sofrido em janeiro. A lesão durante um treinamento de esqui tirou seus movimentos. No entanto, meses depois, a colocou no patamar de exemplo, símbolo e até embaixadora para milhares de pessoas. Após 11 meses de tratamento sob os cuidados do Miami Project Cure Paralysis, da Universidade de Miami, ela já começou a apresentar avanços em seu quadro, com um tratamento inovador com células-tronco que pretende estender para seus compatriotas. Enquanto sua batalha diária continua mesmo após a volta ao país, dois projetos de lei em Brasília tramitam por sua causa.

O primeiro deles já está no plenário do Senado e pode ser votado em breve. Sob a autoria da deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP), o projeto de lei número 7.657/2014 busca conceder um benefício especificamente à ex-ginasta. Ainda na Câmara, a mesma deputada criou o projeto 77.97/2014, que sugere auxílio, uma espécie de seguro de acidentes pessoais, a todos os atletas que representam o Brasil em Jogos Olímpicos ou Paralímpicos. A medida ajudaria atletas que vivam com recursos limitados e que tenham desenvolvido qualquer deficiência ou lesão permanente decorrente da preparação ou da participação nesses eventos.

– A deputada foi feliz em ser mais abrangente, que o atleta brasileiro tivesse direito a cobertura defendendo seleções brasileiras. Estamos discutindo como conseguiremos desenhar que grupo é esse (que tem direito a lei). Um proposta que o Comitê Olímpico do Brasil (COB) tem é para quem está inserido no Bolsa Atleta ou Bolsa Pódio. Restringir. Porque senão você vai atender todo mundo que joga frescobol na praia. Essa é uma preocupação também. Porque quando você atinge todo mundo acaba não dando para ninguém – disse o superintendente do COB, Marcus Vinicius Freire.

A ideia é que a segunda lei de proteção para os atletas tenha o nome de Lais Souza. Desde que sofreu o grave acidente em Utah, nos Estados Unidos, a jovem de 26 anos vem recebendo apoio e investimentos do COB. Ela também conta atualmente com ajuda financeira da Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN), através da Lei Agnelo Piva. No entanto, o representante do Comitê Olímpico ressalta que a aprovação da lei de pensão tende a se tornar ainda mais importante no futuro, uma vez que atualmente ela recebe sob a alcunha de ”atleta em tratamento”.

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Os dois projetos de lei: para Lais Souza a inspirado na jovem

– Hoje ela recebe da CBDN como atleta com lesão, com diagnóstico não definitivo e em tratamento. E é exatamente o que ela é. Ser for provada a invalidez vai em oposto, são dois recursos públicos que vão ser opostos. É um ou outro. (A aposentadoria) não tem prazo. Por isso que a gente está lutando por ela – disse Marcus Vinicius.

Em março o COB esclareceu que o seguro de vida ou invalidez contratado pela entidade cobre apenas os atletas em Jogos Olímpicos, Jogos Olímpicos da Juventude, Jogos Pan-Americanos e Jogos Sul-Americanos. Quando se acidentou, Lais não participava destas missões ou em disputas classificatórias, mas treinava às vésperas de garantir vaga para as Olimpíadas de Inverno de Sochi. O Comitê Olímpico, no entanto, assumiu as ações de suporte. Um campanha também foi criada para arrecadar fundos.

Uma vez aprovada, a pensão de Lais seria “personalíssima e intransferível”. O auxílio mensal seria de R$ 4.390,24, o que corresponde ao limite máximo para esse tipo de benefício. A atualização periódica do valor também seguiria os critérios de reajuste do Regime Geral da Previdência Social.

Segundo o texto aprovado, o pagamento a Lais se justifica por ela ter representado o país em competições internacionais desde os 12 anos. O benefício para a atleta olímpica segue os moldes do que é concedido aos jogadores de futebol que integraram a Seleção nas Copas do Mundo de 1958, 1962 e 1970.

– Embora a Lais tenha sido o motivo, ela não vai se beneficiar. Por isso fiz o outro projeto (específico para a atleta). Inclusive pedi a autorização para dar o nome dela, chamar (a lei) de Lais Souza. Os atletas profissionais e não profissionais do país, que não são do futebol, não são contribuintes para receber algo lá na frente, para ter uma ajuda – disse a deputada Mara Gabrilli, autora dos projetos que é tetraplégica.

Células-tronco

Além dos projetos de lei inspirados na jovem, Lais pode ser embaixadora de uma outra questão importante no país. A própria jovem afirmou sua vontade de abrir caminhos para que o tratamento de células-tronco possa chegar a mais brasileiros.
– A ideia é expandir esse conhecimento. A ideia é que no próximo ano a gente consiga fazer parcerias e iniciar alguns protocolos aqui no Brasil. Ela (Lais) realmente pode ajudar o Brasil a mudar de diversas formas. Pesquisas, tratamentos, acessibilidade, as emergências. Ela pode realmente ajudar nisso – disse o doutor Antonio Marttos Jr, que está com Lais desde o princípio do tratamento.

Entenda o caso

O acidente que deixou Lais tetraplégica aconteceu no dia 27 de janeiro, em uma pista de esqui de Salt Lake City, nos Estados Unidos. A atleta se chocou com uma árvore, sofreu trauma severo na terceira vértebra e precisou ser submetida a uma cirurgia para fazer o realinhamento da coluna. O quadro era grave e com risco de morte. Lais ficou cinco meses internada em hospitais nos Estados Unidos e, após receber alta, continuou no país fazendo treinamentos de reabilitação até sábado passado.
Como ginasta, Lais representou o Brasil em competições como os Jogos Pan-americanos (2003 e 2007), e Olimpíadas (2004 e 2008). Ela se preparava para os Jogos de Inverno, na Rússia, onde disputaria a modalidade de esqui aéreo, quando sofreu o acidente.

– Eu não sei bem em qual pé está essa situação (da lei no Senado), mas eu soube, e fiquei muito feliz. Quando a gente está passando por uma situação dessa, é uma mão que se estende para você. Para se sentir firme, motivada. Eu espero que dê certo. Para quem está treinando, que corre risco, isso faz toda a diferença, é importante para todo mundo – disse Lais, durante a coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira.

Fonte: globoesporte.globo.com

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