Jovem com Síndrome de Down é aprovada em vestibular de Unipinhal
A inclusão de alunos com Síndrome de Down em escolas regulares é uma discussão de longa data. Apesar de apresentarem algumas limitações, eles são capazes de aprender como uma pessoa qualquer, mas algumas pessoas ainda acreditam que esses estudantes devem frequentar apenas unidades de ensino especiais.
Tatiane, uma jovem de 19 anos, mostra que a doença nunca lhe impediu de aprender e realizar o sonho de cursar uma faculdade. A estudante acaba de passar no vestibular da Unipinhal (Centro Regional Universitário de Espírito Santo do Pinhal) para gastronomia.
O mais interessante dessa história é que a jovem irá cursar faculdade com a mãe, isso mesmo, as duas passaram no vestibular para o mesmo curso e vão estudar juntas. Jacqueline Rotelli, 47, está animada e tranquila por poder acompanhar a filha. Além disso, a família tem negócios no ramo, portanto, a capacitação no curso tecnólogo, de dois anos, será bem-vinda.
Elas moram em Andradas, cidade mineira que fica cerca de 485 km da capital Belo Horizonte, e terão de percorrer diariamente 25km para chegar a faculdade, mas a nova rotina anima a dupla.
“Quero conhecer novas pessoas, aprender muito e ser desafiada”, diz Tatiane. E como citado acima, de desafios Tatiane entende, pois sempre estudou em escolas regulares e superou os obstáculos a sua inclusão, como o preconceito ou falta de preparo dos professores.
A estudante sempre contou com a participação da família durante sua trajetória de estudos. Quando os Rotelli se mudaram para um sítio na zona rural de Andradas, Jacqueline foi professora de Tatiane por mais de quatro anos.
O ensino médio foi feito na cidade, e em breve, Tatiane participará da festa de formatura, e segundo ela, será uma “noite mágica”.
Barreiras
De acordo com Jacqueline, as dificuldades se estenderam até o momento de inscrição para os vestibulares, visto que as universidades não sabiam nem explicar como deveria ser preenchido o campo que identifica deficiências dos candidatos.
“O que nos interessava é que minha filha realmente se sentisse estudante e aluna como todos, e que enfrentasse as mesmas dificuldades no vestibular”, afirma Jacqueline. A instituição onde as duas farão o curso de gastronomia, ofereceu apoio pedagógico à Tatiane e a garota fez a mesma prova que os outros concorrentes.
Para a pró-reitora de graduação da Unipinhal, Valéria Torres, a entrada de Tatiane pode significar melhorias para a instituição. “Para nós é muito importante um projeto de inclusão. Temos um núcleo de apoio pedagógico, e a Tatiane pode até nos dar parâmetros para rever processos pedagógicos nossos”, explica.
Calouras
Além de animada, Tatiane está tranquila com a nova fase, sempre que pode pesquisa sobre gastronomia e anota tudo em seus cadernos. Além disso, a jovem já tem planos de abrir um restaurante com buffet para realizar casamentos, mas pretende continuar ajudando os pais na cachaçaria e chocolateria da família.
Já a mãe admite o nervosismo. “Eu estou apavorada mesmo! Não sei como vai ser me tornar aluna junto com minha filha, se conseguirei acompanhá-la, pois ela está pronta para essa fase e eu já passei desse tempo!”, diz Jacqueline.
De acordo com dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), no Brasil há 29.034 alunos com algum tipo de deficiência matriculados em faculdades públicas (9.406) e privadas (19.628). Entre esses estudantes, 566 possuem deficiência intelectual.
Fonte: bonde.com.br