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Empresários produzem roda com sistema de marcha para cadeirantes

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O Brasil tem mais de 26 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência física ou motora. É um mercado grande e carente de produtos específicos. Foi atenta a este público que a Easy Mob desenvolveu uma cadeira de rodas com sistema de marchas. A empresa levou três anos para lançar o produto no mercado.

A roda tem um sistema de engrenagem que permite ao usuário mudar a marcha, para reduzir o esforço de subir ou descer uma rampa, e tem também um sistema de segurança, que evita acidades num terreno irregular.

Não é fácil para um cadeirante se movimentar numa cidade como São Paulo, com calçadas estreitas, buracos, entre outros obstáculos.
“É isso o que mais dificulta para os cadeirantes e, principalmente, para quem tem menos mobilidade isso dificulta mais ainda, porque você tem que fazer mais força, nem todo mundo está disponível para estar ajudando. Mas a gente vai levando a vida desse jeito, né”, comenta o atleta paraolímpico Rony Stony.

Tecnologia brasileira

O empresário Ricardo Jacob enxergou a oportunidade quando comprou a patente de uma roda com marcha para cadeirantes.

“Eu achei que era uma oportunidade de negócio porque não tinha nada semelhante no Brasil, e segundo o que me entusiasmou foi o fato de ser uma tecnologia totalmente brasileira, desenvolvida aqui”, explica.

Ricardo e seu filho Danilo investiram R$ 100 mil na reforma de um galpão, compra de peças e testes. A marcha é parecida com a de uma bicicleta.
“A mágica é o sistema embutido no cubo de engrenagens. Numa roda convencional, não existe e o aro gira com a roda. Com o nosso sistema engatado, o aro é desacoplado da roda, passa pelo sistema de engrenagens, que reduz o esforço em 50%”, explica Renaud Deneubourg, diretor do projeto.

A roda também tem um sistema de freio que impede a cadeira de voltar durante uma subida. “Tem um sistema embutido no cubo da roda, que evita o retrocesso da roda numa rampa”, diz Renaud.

Para o consumidor final, o par de rodas custa R$ 2,8 mil, mais caro que muitas cadeiras completas. O motivo é a produção pequena, que encarece o custo fixo por unidade. Hoje a empresa faz 20 pares de rodas e fatura cerca de R$ 60 mil por mês.
“Esse custo, eu admito, que é alto no começo, para o cadeirante em si. Mas a nossa ideia é, com o volume, ter uma economia de escala e, assim, poder baixar o preço do produto”, afirma Danilo Jacob.

A fábrica fornece a roda com marcha para lojas no Brasil, como a da fisioterapeuta Luciana Visibeli Marques. Ela vende quatro pares por mês.
“As musculaturas de ombro, de cotovelo, de punho, de polegar, de tronco, são musculaturas que, ao longo do tempo, vão sendo lesionadas, e esse tipo de marcha facilita a locomoção dessas pessoas, prevenindo o risco dessas lesões”, comenta a fisioterapeuta.

Willye Alves da Silva também é cliente do empresário Ricado Jacob. Willye levou um tiro durante um assalto em 2010, e ficou paraplégico. “A vida muda em todos os sentidos, tanto na cadeira de rodas, quanto no dia a dia. Agora, para usar a cadeira de rodas em São Paulo é um pouco difícil”, diz.

Durante dois anos, ele usou cadeira tradicional, mas, em 2013, Willye comprou a roda com marcha. O produto deixa o toque mais suave, segundo ele, e evita que a cadeira empine em uma ladeira, por exemplo. Na descida, a marcha atua como um freio motor. Com esforço mínimo, é possível controlar a velocidade da cadeira.

O produto deixa o toque mais suave, segundo ele, e evita que a cadeira empine em uma ladeira, por exemplo. Na descida, a marcha atua como um freio motor. Com esforço mínimo, é possível controlar a velocidade da cadeira.

A empresa também já começou a fazer contatos para exportar o produto. “Para isso, fizemos patente mundial na China, Japão, Europa e Estados Unidos, justamente para que a gente tenha um tempo para poder entrar nesses novos mercados”, explica Ricardo.

 

Fonte: G1

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