Jovem autista larga tratamento por falta de profissionais no Sul de MG
Um jovem de São Sebastião do Paraíso (MG) que possui um alto grau de autismo teve que abandonar o tratamento ao qual era submetido em fevereiro por falta de recursos e de profissionais capacitados em uma associação do município.
Daniel tem 21 anos e não fala. Nos momentos de crise, ele fere a si próprio e por isso, é obrigado a ficar o dia todo com um capacete adaptado. A família dele, que é de Patrocínio (MG), se mudou para a cidade em 2008 para fazer o tratamento na Associação de Amigos do Autista (AMA).
“Quando ele deixa de ser assistido, piora o quadro do Daniel e piorando, para retornar você tem que começar tudo de novo, como se ele nunca tivesse participado de nada. Ele tem um comportamento de auto-agressão, bate a cabeça, morde os pulsos, porque ele está insatisfeito com a vida, não está tendo a assistência adequada”, diz a mãe do menino, Helena Maria de Souza.
O rapaz chegou a frequentar o Centro de Assistência Psicosocial (Caps), mas como na entidade também não há profissionais especializados em autismo, o jovem não se adaptou e agora está há dois meses sem receber tratamento.
O pai de Daniel recorreu à Justiça para conseguir tratamento do município para o jovem. Ele se baseou na lei federal 12.764 de dezembro do ano passado, que garante ao autista o acesso a ações e serviços de saúde, atendimento multiprofissional, nutrição adequada e terapia nutricional, medicamentos e educação. Foram abertos dois processos que correm em segredo de Justiça. Em um deles, o Ministério Público pede que a Justiça obrigue o município a oferecer tratamento adequado para Daniel em São Sebastião do Paraíso ou em outra cidade. O outro é da Defensoria Pública, que além do município, cobra do Estado atendimento para o rapaz.
No dia 30 de agosto, a Justiça determinou que a prefeitura pague aulas de natação e eco terapia duas vezes por semana para Daniel e que forneça tratamento específico, que deve ser feito por dois profissionais. No entanto, a secretária de Saúde Dulcinéa de Freitas Barroso, diz que não tem como cumprir todas as exigências.
“Se os pais quiserem que ele volte para o Caps, a gente está pronto para receber o Daniel. No entanto, eu não tenho como deixar um cuidador por conta de um só paciente”, diz a secretária.
A AMA, Associação dos Amigos do Autista, informou ao Ministério Público que a entidade não poderia mais atender Daniel por falta de condições.
Fonte: G1