OBRAS NAS RUAS CAUSAM TRANSTORNOS PARA DEFICIENTES VISUAIS
Sair de casa e andar pelas ruas de Criciúma é um desafio para quem não enxerga. O Jornal A Tribuna já demonstrou todos os problemas enfrentados diariamente por essas pessoas, ao acompanhar um deficiente visual em sua rotina por um dia. Na última sexta-feira, o massagista, Hercilino dos Santos Pereira, 58 anos, caiu em um buraco e se feriu, quando ia para o trabalho. O fato de ele ser deficiente visual colaborou, mas a reclamação é contra a falta de sinalização por parte das empresas que realizam obras nas ruas do município. Para ele, esse é um dos principais problemas enfrentados pelas pessoas que caminham apenas com o auxílio de uma bengala.
“Eu estava indo para o trabalho. Faço o mesmo trajeto há 30 anos e nunca tive problema, inclusive conseguia passar pelas obras do canal auxiliar sem sustos. Eu cai num buraco que só tinha um pedaço de madeira em cima e mais nada. Quando pisei, a madeira virou e eu cai com a perna esquerda dentro. Não consegui alcançar o fundo e fiquei machucado. É muito perigoso. Não é porque sou deficiente visual, mas qualquer pessoa poderia ter caído, já que estava mal coberto”, salienta Pereira.
Ele é massagista no City Club há 30 anos e sempre vai a pé do terminal até o clube. Desta vez, um buraco próximo ao edifício Lucio Cavaller o impediu de chegar ao trabalho. Ele foi ajudado por algumas pessoas que passavam pelo local e levado ao hospital com ferimentos na perna. Ele ainda guarda a calça rasgada por conta do acidente. “Eu perguntei para as pessoas que me ajudaram no que eu havia caído. Eles me responderam que é um buraco feito pela Casan e que não foi fechado. deveria haver uma lei para que tudo fosse sinalizado. As outras empresas e até mesmo a prefeitura sinalizam tudo corretamente e nós conseguimos andar. Utilizam até redes para defender as pessoas do buraco. Já a Casan nunca coloca nada mais que umas madeiras. Não é a primeira vez que isso acontece em buracos feitos pela Casan”, reclama Pereira.
A esposa de Hercilino, Jacy Mendes Pereira, também possui deficiência visual e enxerga apenas vultos. Ela também já passou por um problema parecido com o do marido. “Eu caí em um buraco cheio de água ainda. Me deu até febre”, conta ela.
Para o massagista, fazer uma rota diferente para chegar ao trabalho é difícil. “Antigamente era pior para andar sozinho em Criciúma. Mas, apesar de ter melhorado um pouco a situação, ainda é difícil para um deficiente visual se locomover pela cidade”, finaliza Pereira.
Fonte: A Tribuna