Profissional com deficiência tem 1º emprego e volta a sonhar
Rosemeire Gallucci tem uma deficiência leve na mão esquerda. Paulistana, parou de estudar cedo e aos 15, se casou e teve dois filhos. “Coisa de família antiga”, explica. Ela nunca havia trabalhado, até sua sobrinha a inscrever no cadastro de currículos de pessoas com deficiência em uma grande empresa. Há três anos empregada, Rose agora se diz uma nova pessoa.
Ela sempre trabalhou, mas em casa, com artesanato. Mas com o emprego, a forma como as pessoas a veem e a tratam mudou radicalmente. Antes, explica, era excluída das conversas familiares e vista como uma pessoa dependente pelos vizinhos. Mas a renda e responsabilidades assumidas em uma grande corporação mudaram tudo.
Um renascimento, é como ela define a conquista da carteira assinada. Quando foi chamada para entrevista, não acreditava que aquilo estava acontecendo. Nunca havia sentado a frente de um empregador. “Fiquei ansiosa, não sabia o que falar”, explica.
Mas a companhia aérea TAM lhe deu a oportunidade. E por três meses ela recebeu um curso de qualificação profissional em que aprendeu informática, português, matemática, postura profissional, incluindo como se portar em uma entrevista. “Eu voltei a viver muitas coisas que havia deixado no passado. Aprendi muita coisa como profissional, mas também como pessoa. Passei a ter mais confiança em mim”, relata.
Após a formação, Rose passou por uma segunda entrevista, para ser encaminhada a uma das áreas da empresa. Foi chamada para ser auxiliar administrativa no setor de treinamentos da TAM, onde toda a equipe vê nela uma grande inspiração e exemplo de superação.
De acordo com a responsável pela área de Treinamento, Melissa Casagrande Lourenço, após o curso e com o início do trabalho, Rose mudou completamente, ganhou desenvoltura, resolve problemas quando eles aparecem. “É emocionante para nós ver esta transformação”, afirma.
E os desafios de Rose eram de todo tipo, mas ela os encarou sem medo. No início do trabalho, haveria um treinamento de aeromoças e Rose teria de ajudar a organizar taças de vinho. Mas ela nunca havia segurado uma taça e receava acidentes. Assim, dias antes do treinamento, resolveu pedir à vizinha algumas taças emprestadas para treinar e ficar mais segura.
Segundo seus colegas de trabalho, essa tem sido sua postura diante dos desafios nestes três anos. Hoje, com seu salário, Rose ajuda a pagar as contas em casa. Mas o mais importante, para ela, é a possibilidade de planejar seu futuro. Ou seja, ela passou a sonhar. “Agora eu posso fazer.”
Notícia retirado do portal www.terra.com.br