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Aluna com deficiência visual do curso de Química da Ufac defende TCC e obtém nota 10

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Na defesa de seu TCC, contou sua experiência como professora de Química, quando ministrou aulas a um aluno também cego

Um auditório lotado presenciou nessa quarta-feira, 13, a apresentação da defesa do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Lidiane dos Santos Mariano, primeira aluna deficiente visual de nascença a formar-se, no Brasil, num curso de licenciatura em Química. O trabalho “Reflexões sobre a prática pedagógica do docente cego no ensino de Química para aluno cego” foi apresentado na sala ambiente Ana Shirley C. D’Ávila, do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Acre (Ufac), por volta das 17h.

Lidiane dos Santos, estudante de Química da Ufac, fez seu trabalho de pesquisa e análise no Colégio Estadual Armando Nogueira (Cean), onde ela acompanhou o processo de inclusão às aulas de um aluno cego. Utilizou a metodologia de entrevistas gravadas e transcritas, feitas com o professor regente da sala, o coordenador da escola e o aluno cego. Também utilizou um “diário de bordo”, no qual escrevia, pelo sistema braile, o que ocorria nas aulas.

Mas o projeto de Lidiane não se resumiu a isso. Na defesa de seu TCC, contou sua experiência como professora de Química, quando ministrou aulas a um aluno também cego. Segunda ela, o deficiente visual é capaz de aprender como qualquer outro, se lhe for disponibilizado material didático específico, como objetos, esculturas e o sistema braile de leitura e escrita. Isso possibilita a compreensão do cego através das sensações táteis. “É possível um docente cego ensinar a um aluno igualmente cego e a alunos videntes, com o material adaptado e o auxílio da escola”, arrematou ela.

História de vida e superação

A orientadora de Lidiane, professora Anelise Maria Regiani, do Centro de Ciências Biológicas e da Natureza (CCBN) da Ufac, considera que essa experiência foi incomum e a fez resignificar sua profissão. “A imagem que todos têm de um químico é a de uma figura de jaleco, em meio a tubos de ensaio, num laboratório”, declarou. “Como uma pessoa cega busca uma titulação em Química? Lidiane me ensinou a olhar melhor, olhá-la e olhar os outros alunos: até que ponto compreendiam, de fato, o desenho que estavam vendo?”, refletiu a professora.

Após sua apresentação, Lidiane foi avaliada com grau máximo (nota 10). Para chegar a essa formatura, ela estudou em escola regular até a 4ª série. Depois concluiu o ensino fundamental e médio no Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja). Em 2008, foi aprovada no vestibular da Ufac. Auxiliada pelo Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI), prosseguiu no curso de Química, também com acompanhamento constante de uma monitora, Tâmila Cristina, de quem se tornou amiga pessoal.

Lidiane lembrou que superou muitos obstáculos para obter sua formação, como o preconceito de alguns alunos de seu curso. “É um sonho realizado”, disse, “agora me sinto aliviada e posso respirar melhor. Estou muito feliz”.

 

O Rio Branco

 

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