Eles vão além dos cães-guia
Os animais auxiliam deficientes físicos e auditivos, entre outros pacientes
É uma máxima da sabedoria popular que o cão é o melhor amigo do homem. Mas, em alguns casos, essa relação vai muito além da amizade. Os chamados “cães de assistência” prestam serviços importantes para seus usuários, pessoas com alguma necessidade especial que se beneficiam da companhia e dos serviços do cão.
Tiffany, uma golden retriever de quase 2 anos, cadela de Ana Luiza Gaia Folino, 9, é olhos, pernas e está sendo treinada para ser também braços e proteção para a menina. Ana Luiza nasceu com mucopolissacaridose, doença genética degenerativa que pode afetar diversos órgãos como cérebro, olhos, ouvidos, coração, fígado, ossos e articulações.
A cadela está na família desde janeiro e, depois de concluído seu treinamento, poderá acompanhar Ana Luiza em todos os lugares. “A ideia é que ela carregue uma parte do material escolar, a ajude a subir escadas, pegue objetos do chão para evitar que a Ana tropece e caia, sirva de bloqueio para que outras pessoas não a derrubem e faça outros serviços, como abrir portas e gavetas”, diz Ana Paula Gaia Coelho, 38, mãe da menina. A doença de Ana Luiza faz com que quedas sejam potencialmente fatais. Por isso a preocupação em preveni-las.
Vocação. Tiffany foi treinada pela equipe da Cão Inclusão, ONG que tem como objetivo preparar cães de assistência. Mas ela só foi aceita para o trabalho porque tinha as características necessárias para realizar bem as tarefas sem que isso interferisse em sua saúde e em seu bem-estar.
“Para ser um cão de serviço, é preciso que o cachorro tenha um temperamento muito específico. Ele tem que ser extremamente sociável e calmo mentalmente, bastante tolerante e autoconfiante. Por isso, fazemos uma criteriosa avaliação para a escolha dos filhotes. Só após ele estar pronto é que vamos em busca da pessoa que vai ficar com ele, pois a pessoa é escolhida de acordo com as características do cão”, explica a treinadora Sara Favinha, uma das fundadoras da ONG.
Depois dessa escolha a dedo, ainda há um longo período de treinamento. “O cão vai para uma família socializadora, que irá levá-lo para todos os ambientes que eles frequentam – isso inclui fazer compras, ir ao cinema, teatro, pegar ônibus, metrô, táxis etc. Tudo acompanhado por um treinador, que direciona para que esse processo não crie desvios de comportamento ou traumas no animal. Ele fica na família por cerca de oito a 12 meses, quando começa o treinamento específico”, explica o psicólogo e treinador de cães de assistência Oliveiros Barone Castro, mais conhecido como Lelo, fundador da organização Cães de Assistência. Todo o processo pode levar até pouco mais de dois anos.
A chegada de um cão de assistência muda a vida do usuário e da família. De acordo com a mãe, Ana Luiza ficou muito mais confiante depois da chegada de Tiffany. “Vejo que agora ela não tem mais medo de subir escadas”, comenta.
“Os benefícios variam muito de acordo com a função que o cão irá executar. Mas, basicamente, ele irá promover a melhora da qualidade de vida e a independência do paciente”, explica Vinícius Ribeiro, diretor da ONG Terapias Assistidas por Cães (TAC). Como consequência, melhoram também a autoestima e a inserção social do paciente.
Fonte: otempo.com.br