“O deficiente tem que impor e mostrar que é capaz de fazer as coisas”
Mauro Eduardo assumiu a Secretaria Estadual da Pessoa com Deficiência (Seid) na cota da deputada estadual Rejane Dias. Ele, que é ligado ao movimento das pessoas com deficiência, destaca que, entre as prioridades da sua gestão está a descentralização dos atendimentos para essa parcela que representa 30% da população piauiense. O desafio é grande e, segundo ele, o preconceito também.
Em entrevista ao O DIA, ele frisa que os “deficientes têm que se impor” e mostrar que são capazes. “Muita gente vê o deficiente como coitadinho, como incapaz”. E é essa consciência de que as pessoas com deficiência são capazes, que ele quer despertar nos piauienses. Ele comenta ainda ações que deverão ser realizadas em favor do segmento, mas lamenta que a falta de recursos ainda seja grande para atender tantas demandas.
Confira a entrevista:
Secretário, quais serão as prioridades de seu mandato?
Nossa primeira prioridade é que nós vamos iniciar, nos dias 27 e 28 de março, o I Fórum de Inclusão do Direito da Pessoa com Deficiência, que vai acontecer na cidade de Barras. Ainda neste primeiro semestre, nós vamos realizar dois fóruns,que é este em Barras em março, e o próximo vai ser no final de maio em São João do Piauí. A determinação do governador Wellington Dias é que a gente possa descentralizar as ações relacionadas a pessoa com deficiência, e os fóruns são os inicios da descentralização. Neles estaremos trabalhando em parceria com o CEIR na distribuição órteses e próteses, de cadeiras de rodas e meios auxiliares de locomoção para pessoas com deficiência. Vamos levar palestras sobre os direitos, direito ao passe livre, por exemplo. Porque nos sabemos as dificuldades das pessoas com deficiência que, embora morem na capital, têm carência de informação. Então, você imagina aquelas pessoas que moram lá no interior do Estado, nas cidades mais distantes da capital. Nosso objetivo é estar levando a informação a essas pessoas. Nós estamos também em parceria com o Hospital da Polícia Militar e a Secretaria de Saúde do Estado implantando nosso primeiro serviço de atendimento odontológico especializado para as pessoas com deficiência intelectual e autismo. Até hoje este serviço ainda não existe aqui no estado. E as mães de pessoas com deficiência intelectual e autismo tem uma dificuldade muito grande para fazer esse tipo de atendimento. Porque o atendimento de um autista ou de uma pessoa com deficiência intelectual ele é diferenciado, se você colocar uma pessoa com autismo numa cadeira odontológica, na hora em que o dentista ligar aquela borca, ele já vai já ficar agitado e não vai ter condições de receber o tratamento. Essa pessoa tem que ser sedada, tem que ser preparada, então precisamos ter um serviço especializado pra fazer esse atendimento e até o final do ano, com fé em Deus, nos vamos estar fazendo esse tratamento. Em parceria com a Fundac, realizando eventos na área da cultura que possam estar aumentando a autoestima dessas pessoas, vamos estar buscando novos talentos, sabendo que tem várias pessoas com deficiência que são excelentes músicos, cantores. Nós vamos fazer etapas regionais no sentido de que o vencedor daquela etapa será gravado um CD, pelo Governo do Estado, através da Seid. Nós vamos também implantar dez conselhos municipais neste ano e implementando 10 que já existem. Isso são recursos do Governo Federal, que já conseguimos. Vamos lançar uma campanha de conscientização já que hoje o deficiente que tem um veículo e procura estacionar no centro de Teresina ou em qualquer outro local que tenha uma vaga reservada para a pessoa com deficiência, aquela vaga está sempre ocupada por uma pessoa que não tem deficiência, ou por motos. Enfim, nós vamos fazer uma campanha de conscientização e mostrar a importância das pessoas deixarem aquelas vagas realmente para as pessoas com deficiência.
Qual o diagnostico da situação em que você recebeu a Secretaria pela inclusão da Pessoa com Deficiência?
Na verdade, assim como todo o Estado do Piauí, nós estamos encontrando dificuldades. Mas nos estamos lá para enfrentar esse desafio. Estamos reativando dois convênios: um com a APAE de São João do Piauí E outro com a APAE de Piripiri, convênios esses que, por exemplo, na APAE de São João, vamos entregar uma ambulância com emenda do deputado Paes Landim, a Apae de Piripiri nós vamos equipar, com emenda do deputado federal Marcelo Castro. Então, nós estamos buscando realmente estruturar a rede de atendimento as pessoas com deficiência. Hoje temos cerca de 40 clinicas de fisioterapia em todo o Estado. Nós temos que fazer um levantamento, um diagnostico situacional de cada uma dessas clinicas, o que se precisa fazer, o que precisa melhorar, e é com este intuito que nós vamos fazer isso. Em parceria com a Secretaria de Saúde, buscando melhorar o atendimento nessa clinicas, além do nosso grande sonho que é a conclusão da ultima etapa do Ceir, que é a construção do Hospital de Reabilitação, nós já tivemos a primeira reunião com o secretário de saúde com a deputada Rejane Dias. A equipe técnica de engenharia da Secretaria de Saúde já esteve lá no CEIR para que a gente possa elaborar o projeto e em seguida levar ao governador para ver de que forma vai ser financiado esse projeto. Se é recurso do Tesouro, ou projeto junto ao Ministério da Saúde. Ou emendas de bancada, mas, enfim, o importante é que nos vamos construir esses hospitais de reabilitação no Piauí.
Fonte: portalodia.com