Menina que nasceu sem olhos usa as cores para pintar ‘mundo particular’
Criança de Sorocaba faz contas de matemática, lê e escreve em braile.
Ana Luiza tem uma doença rara provocada por malformação na gestação.
https://youtu.be/43vqM6waSkY
Pintar as paredes do quarto e a cabeceira da cama de lilás foi um pedido da Ana Luiza, de 11 anos, de Sorocaba (SP). Ela explica que gosta da cor por conta de uma flor roxa. Aliás, as cores fazem parte da rotina da menina, que pinta tudo ao seu redor.
Quem observa a menina andando de bicicleta e brincando, atividades preferidas dela, não imagina que a Ana Luiza nunca enxergou. Ela nasceu sem os olhos devido a uma doença rara, a anoftalmia, causada por malformação ou infecção durante a gestação.
Os olhos verdes são graças a próteses estéticas. Mas, para a menina, a deficiência nunca foi obstáculo, pelo contrário, desde o seu nascimento os olhos da mãe têm sido a porta para o mundo. “Quando eu entrei naquela UTI e olhei ela com o olhinho fechado, eu falei ‘mas ela só está de olho fechado’. Essa foi minha visão, que ela só estava de olho fechado”, conta Larissa Fogaça, mãe da Ana Luiza. Desde então, a menina tem dado provas de que não é preciso enxergar para ver o que se passa ao redor.
Com as mãos ela faz contas de matemática, viaja pelo globo terrestre, aprende a conhecer as letras, lê e escreve em braile. O som a auxilia a seguir na direção correta com a bicicleta. Na escola, o apoio das amigas ajuda na locomoção. Ela consegue, ainda de maneira simples e precisa, detalhar como é um passarinho. “É um bichinho que voa e ele come sementinhas das árvores.” No papel desenha um coração, aquele mesmo que a faz sentir o mundo e deixá-lo ainda mais especial.
O avô Amorim Souza conta que ninguém consegue ficar triste perto da Ana. “Ela supera todas as dificuldades, ela ensina coisas que, às vezes, nós não conseguimos aprender. A Ana veio para nos ensinar”, comenta.
A mãe conta que, para ela, a filha nasceu perfeita. “Eu não olho a minha filha como deficiente, eu olho para ela e vejo que ela é uma criança normal, que é capaz como qualquer outra criança. A gente que é deficiente, que priva, temos que tirar esses olhos de deficiente que a gente tem e olhar do jeito que eles olham. Amorosa… não tem o que falar, eu não imaginava e veio perfeita. Ela é tudo”, finaliza Larissa.
Fonte: g1