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Aprovado na Unicamp é o 1º deficiente visual após 15 anos, diz Comvest

Pedro Henrique Silva Carvalho, de 18 anos, vai cursar fonoaudiologia.
‘Vou ter ampla área de atuação”, afirma o vestibulando de Sumaré.

Pedro Henrique Silva Carvalho durante a prova da Unicamp (Foto: Juliana Sangion – Comvest)

Deficiente visual desde nascença, o estudante Pedro Henrique Silva Carvalho, de 18 anos, é o primeiro nesta condição aprovado no vestibular da Unicamp em 15 anos, segundo a Comissão Permanente para o Vestibular (Comvest). “É uma sensação maravilhosa ser o primeiro em 15 anos”, declara o aprovado em fonoaudiologia, que consegue enxergar apenas vultos e luzes.

Dos 124 vestibulandos com alguma necessidade especial que prestaram o vestibular em 2016, apenas ele não enxerga.Outros 21 fizeram provas com a fonte ampliada em quatro tamanhos. Os demais têm deficiência auditiva ou física.

Mais aprovações

O futuro fonoaudiólogo também foi aprovado no mesmo curso em faculdades particulares como Puc-Campinas e Unimep, em Piracicaba (SP), além da Unesp, em Bauru (SP), que é pública. Na Unicamp, o curso tinha 11 candidatos por vaga na primeira etapa e quatro na segunda fase.

Carvalho, que mora em Sumaré (SP), prestou o processo seletivo pela segunda vez. Ano passado, ele tentou como treineiro e nem conseguiu ir para a segunda fase. “Desta vez ele se esforçou ainda mais e passou”, comemora o pai, Rovilson Henrique Carvalho.

Pesquisa

Carvalho conta que antes de escolher a profissão fez muita pesquisa para encontrar um curso que o possibilite trabalhar no futuro com o máximo de autonomia. “Pesquisei esta profissão e vou poder atuar no auxílio da comunidade com autonomia”, explica. “Terei ampla área de atuação”, afirma.
Os fonoaudiólogos são os profissionais que cuidam das pessoas no que se refere à linguagem oral e escrita, na voz e audição.

Antes mesmo de enfrentar as aulas, o vestibulando conta que gostaria de trabalhar em estúdio com profissionais que usam a voz como instrumento de trabalho.

“Quero trabalhar com pessoas que trabalham com a voz. Um jornalista trabalha com a voz”, lembra ele.
Questionado sobre preconceito com pessoas com deficiência visual, Pedro Carvalho aponta que ele sempre existiu, mas será mais um obstáculo a superar. “Isso sempre tem, vou superar”, ressalta.

Além de estudar, o morador de Sumaré pratica natação e participa de competições regionais.

Pernas bambas

A mãe do estudante, Carmen Lúcia Silva Carvalho, recebeu a notícia da aprovação na Unicamp pelo marido, que viu a lista na internet e ligou para avisar os familiares. “Fiquei até com as pernas bambas. Sei lá, é tão emocionante, ele se esforçou muito”, confessa a mãe.

Carmen e o marido Rovilson Carvalho atuaram sempre na formação educacional do filho. Como nem todo material didático é voltado para deficientes visuais, os pais e os amigos ajudaram sempre na hora dos estudos. “Meus pais e meus amigos sempre liam para eu estudar”, lembra.

“A família toda estava envolvida. Eu ajudava nos estudos de física, química e matemática”, explica o pai. No vestibular da Unicamp ele teve ajuda de um fiscal especialmente qualificado para esta função, já que a prova tem exercícios com mapas e gráficos [segunda fase] e um gabarito para preencher na primeira fase.

Pedro Henrique Silva Carvalho com a família (Foto: Rovilson Henrique Carvalho/Arquivo pessoal)

Fonte: g1.globo.com