Em recuperação de grave lesão que a deixou tetraplégica no início de 2014, a ex-ginasta quer compartilhar sua experiência de vida e falar sobre as mudanças em sua rotina, aos 26 anos.
Há um ano e meio, a vida de Laís Souza sofreu uma enorme reviravolta. Depois de trocar a ginástica artística pelo esqui aéreo e sofrer um grave acidente durante a preparação para as Olimpíadas de Inverno de Sochi 2014, a jovem de 26 anos ficou em situação delicada quando internada numa UTI. Quando deixou o hospital, estava paraplégica.
Hoje trabalhando em sua recuperação e dependente da cadeira de rodas, Laís tem uma rotina completamente transformada, que a faz enxergar o mundo de maneira diferente. Ela não tem receio ou vergonha de falar sobre o que passou. Pelo contrário. Para usar sua experiência de vida como exemplo, pretende, no futuro, escrever um livro.
“Quero muito (escrever um livro). Minha história ainda tem muito para acontecer, e aí gostaria de colocar em um livro”, contou a ex-ginasta, durante um debate de que participou nesta terça-feira, em São Paulo.
Sem movimentos do pescoço para baixo, devido a uma lesão na coluna cervical, até mesmo as atividades mais comuns do dia a dia se tornaram um grande desafio. Ir ao banheiro ou tomar banho, por exemplo, exigem todo um planejamento.
“Hoje preciso de 20 minutos. Antes eu acordava 20 minutos antes do treino. Hoje, para ir à fisioterapia, tenho que acordar três horas antes se quiser tomar um banho tranquila”, relatou.
Ainda se adaptando à nova condição, Laís voltou a morar com a mãe, que a auxilia na recuperação. Durante mais de uma década de carreira de atleta profissional, tinha uma rotina de treinos, viagens e competições que pouco permitia tal convívio.
“Logo que sofri o acidente, achei estranho ter sempre alguém do meu lado, que eu preciso para tudo. Mas ao mesmo tempo me conforta. Estou conhecendo minha mãe de novo, de pertinho, sabendo dos problemas que ela passa”, narrou.
Natural de Ribeirão preto no interior de São Paulo, Laís Souza começou na ginástica aos quatro anos de idade e trilhou carreira de sucesso. Representou o Brasil nas Olimpíadas de Atenas 2004 e Pequim 2008, e faturou três medalhas nos Jogos Pan-Americanos Rio 2007 (prata por equipes e bronze no salto e nas barras assimétricas). Em 2013, aceitou o convite da Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN), pela qual poderia utililizar as habilidades de ginasta nas acrobacias do esqui aéreo.
Durante os treinos realizados nos Estados Unidos, às vésperas Olimpíadas de Inverno de 2014, sofreu um grave acidente que a deixou tetraplégica. Em fevereiro de 2015, assumiu homossexualidade e afirmou que mantinha há alguns anos relacionamento com outra mulher.
Fonte: IG