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‘Meu sonho é ser juiz’, diz deficiente visual candidato ao exame da OAB

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Enquanto muitos se desesperam com o conteúdo obrigatório da primeira fase do exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que ocorre neste domingo (19), o deficiente visual Robson Cristiano Miquelin, de 24 anos, diz estar tranquilo e confiante, mas com uma certa preocupação em como fazer a prova, seu primeiro passo para concretizar o sonho de ser juiz.

“O meu medo fica restrito à acessibilidade, se os computadores e leitores de tela funcionarão”, relatou o morador de São Carlos (SP) em relação ao sintetizador de voz que executa a leitura nas máquinas.

Miquelin presta a prova pela primeira vez e contou que a preparação foi intensa. “Uma rotina bastante pesada, mas proveitosa. Tive acessibilidade plena nos conteúdos, pude estudar por meio de leitores de telas que tenho instalados em meus computadores. Eles transformam texto em voz e tudo fica resolvido para mim”, contou o estudante.

O sonho do são-carlense é se tornar juiz. A vontade de estudar, porém, nem sempre foi a mesma que ele tem hoje. Miquelin perdeu completamente a visão aos 6 anos, após um problema de inchaço nas retinas, e foi tomado pelo desânimo.

“No começo, eu não queria mais ir à escola e muito menos sair de casa. Com o apoio dos meus pais, voltei a estudar. Toda a minha vida na escola e na faculdade foi sem enxergar”, relatou.

Preparação

Além dos 4 anos e meio já concluídos no Centro Universitário Central Paulista (Unicep), Miquelin contou ao G1 que passou por um curso preparatório nos últimos 30 dias.

Em agradecimento, ele reforçou a importância das pessoas que o cercaram durante a luta no curso. “Meus amigos sempre foram meu braço direito, mas não posso dar menos valor aos professores e aos meus familiares. Todos colaboravam muito”.

Prova

Na cidade de São Carlos, o exame será realizado no Colégio Objetivo, na Rua Jesuíno de Arruda, 2.625, no Jardim São Carlos, das 13h às 18h.

A prova é composta por 80 questões de múltipla escolha referentes a disciplinas obrigatórias e integrantes do curso de direito, e pode ser prestada por bacharéis em direito, ainda que com colação de grau pendente, formados em instituições regularmente credenciadas. Para ser aprovado na prova objetiva, é preciso acertar pelo menos 50% das perguntas.

Fonte: G1