Desenvolvido por pesquisadores pernambucanos e coordenado pelo cientista da computação, Marcos Penha, o projeto brasileiro é um óculos para pessoas com deficiência visual, que funciona em auxílio à bengala. O acessório conta com protótipo que custou cerca de R$ 45 e identifica obstáculos acima da linha da cintura da pessoa, região que normalmente não é alcançada pela bengala.
Assim que o aparelho detecta um obstáculo, ele emite um sinal que aumenta quando o objeto se aproxima. O sinal é sentido por meio de vibrações de uma pulseira ou colar, como o toque de um telefone em modo vibracall. A intensidade da vibração pode ser regulada de acordo com a sensibilidade de quem usa o aparelho.
“Inicialmente, queríamos desenvolver um óculos que substituísse a bengala-guia. Quando fomos a campo, mudamos o projeto. Os cegos não queriam deixar a bengala. É o senso tátil deles. Por isso, tem um peso psicológico muito grande”, destacou Emily Shuler, que participa da equipe de desenvolvimento.
Testes
A partir de testes com 276 pessoas com deficiências visuais, em sua maioria da Associação Pernambucana de Cegos, os pesquisadores constataram que a bengala não conseguia identificar obstáculos acima da linha da cintura. “Com a bengala, eles reconhecem um pneu, mas acham que é um carro. O carro tem uma certa altura e, se for um caminhão, eles vão em frente e batem. Isso ocorrre também com os orelhões”, explicou Penha, coordenador do projeto.
Os desenvolvedores perceberam que precisavam de um dispositivo barato, já que aparelhos similares, como a bengala eletrônica, que também funciona com sensores, tinha custo muito elevado e tinha de ser importada. “Para um deficiente visual importar, é um processo complicado. Quando avaliamos, os valores chegavam a R$ 3 mil ou R$ 4 mil. E um cão-guia pode custar R$ 25 mil”, lembrou o coordenador.
Produção em escala industrial
Os pesquisadores do projeto brasileiro, denominado Annuitwalk, buscam investidores para conseguir produzir os óculos em escala industrial. “Nosso projeto não é relacionado a uma universidade. Foi algo independente. Cada um com seu conhecimento, com algo a trazer, a contribuir. Foi um projeto bem colaborativo. Já estamos com o sexto protótipo pronto”, informou Marcos Penha.
Para Lucas Foster, fundador da ProjectHub, rede global de economia criativa, parceira do prêmio internacional, o projeto brasileiro vencedor é uma demonstração do potencial inovador do País, principalmente nas áreas da inclusão social, acessibilidade, diversidade cultural e sustentabilidade.
Reconhecimento
A iniciativa premia empreendedores digitais com menos de 30 anos que elaboram projetos na internet e tecnologia móvel baseados nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Organizações das Nações Unidas (ONU).
O prêmio recebido pelos brasileiros reconhece projetos com potencial de impacto nas metas da ONU em seis diferentes categorias: luta contra a pobreza, fome e doença, educação para todos, empoderamento das mulheres, valorização da cultura local, meio ambiente e sustentabilidade e busca da verdade.
Fontes: Portal Brasil, com informações da Agência Brasil