Elaine Calista Rodrigues foi contratada temporariamente durante o verão para realizar a limpeza das praias de Santos. No primeiro dia do ano, enquanto recolhia o lixo deixado por muitos turistas e moradores da região, após a virada do ano, ela encontrou diversas rolhas plásticas.
Como sua mãe trabalha no Lar das Moças Cegas, ela já conhecia a ação da instituição de recolher as rolhas plásticas que podem ser usadas nas bengalas dos deficientes visuais. Ela resolveu reunir o maior número de garis, durante o seu turno, para ajudar nessa ação. “O meu setor de trabalho era da divisa de Santos e São Vicente até o Aquário. Eu comentei com o pessoal e um foi comentando com o outro. Cada um ficou com um saco a mais na cintura e ficou juntando. No final, eles me deram”, diz ela. Ao todo, 420 rolhas foram coletadas. Elaine levou todas para a casa dela, lavou uma por uma e entregou na instituição.
O educador físico Gilmar Ribeiro dos Santos, que é professor de orientação e mobilidade do Lar das Moças Cegas, diz que nunca recebeu tantas rolhas de uma vez só. “A gente faz a campanha internamente e, geralmente, o pessoal traz poucas. Foi interessante que ela conseguiu juntar 400. Dessa vez, foi um número significativo vindo de uma pessoa que a gente não esperava”, falou.
As rolhas serão utilizadas nas bengalas guias. “A bengala tem uma ponta fixa. Existem algumas técnicas de movimento com as bengalas. A da ‘varredura’ é a mais usada e com a ponteira fixa não dá pra fazer, não tem um deslize perfeito. Então, a gente pega uma roldana e a rolha vai por cima. Fica uma espécie de rodinha. A rolha é a que gasta mais, fica direto no chão”, explica o professor. Segundo ele, um aluno que se locomove bastante gasta uma rolha a cada dez dias. As rolhas ficam na instituição e ficam a disposição dos alunos para serem utilizadas, conforme a necessidade. O professor calcula que até 50 rolhas são doadas para os alunos por mês.
Por isso, ações de cidadania como a de Elaine fazem a diferença para os deficientes visuais continuarem se locomovendo com as bengalas guias adaptadas. O contrato de Elaine como gari já terminou, mas ela espera que a ideia seja apenas o ponto inicial para que outras pessoas se envolvam nessa ação. “A rolha vai para o lixo porque não sabem que pode ser útil. Se a gente tivesse juntado a noite e a manhã toda, tínhamos juntado muito mais”, fala.
Fonte: G1