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Segundo implante coclear é realizado no Vale do Itapocu

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Deficiente auditivo recebe implante e agora tem a chance de ouvir normalmente. Cirurgia foi realizada pela segunda vez na região

Antes de fazer a cirurgia, Gilmar foi avaliado pelo médico Marcio Carlos de Freitas e recebeu com alegria a autorização para receber o implante

Para a maioria das pessoas, ouvir diferentes tipos de sons é algo comum. Mas para quem perdeu a audição aos quatro anos de idade, ouvir é um recomeço. Este é o caso de Gilmar Marcarini Júnior, 29 anos, que tem apenas 18% de audição e faz leitura labial para se comunicar. Ele foi o segundo paciente do Vale do Itapocu a receber um implante coclear, dispositivo eletrônico que oferece aos usuários uma sensação auditiva próxima a de um ouvido normal.

A primeira paciente que recebeu o implante foi Morgana, irmã dele, de 23 anos, que realizou a cirurgia no ano passado. Na última segunda-feira, o médico Marcio Carlos de Freitas fez a cirurgia por quase cinco horas no Hospital São José, em Jaraguá do Sul.

– O Gilmar é um bom candidato porque a região cerebral da audição foi estimulada durante toda sua vida. Quando ele perdeu a audição, já era capaz de identificar diversos sons e palavras. E, ao longo dos anos, foi trabalhando a área cerebral para não perder a capacidade de entender os sons – explicou o médico.

Segundo ele, o procedimento é recomendado para crianças de até cinco anos e para adultos que estimularam a região cerebral da audição. No Vale do Itapocu, há mais cinco pacientes com condições de receber o implante.

Morgana e Gilmar eram os mais aptos para receber o dispositivo por utilizarem prótese auditiva nos dois ouvidos e por terem passado por fonoaudiólogos ao longo da vida.

Os irmãos colocaram o implante em apenas um dos ouvidos, mas, segundo o especialista, se for necessário, podem fazer a cirurgia para colocação do implante no outro ouvido também.

Conforme Freitas, após a cirurgia o paciente precisa esperar um mês até que o aparelho seja acionado. Até lá, Gilmar terá de voltar às sessões de fonoaudiólogo e, dentro de um ano, deverá estar totalmente adaptado ao implante coclear.

– Esta cirurgia é cara porque o aparelho é importado. O SUS oferece apenas nos grandes centros do Brasil e ela custa cerca de R$ 50 mil – afirma Freitas.

Motivação para um futuro melhor

Ao contrário do que se pensa, Gilmar não quer ouvir um som específico. Ele está fazendo a cirurgia para crescer na carreira profissional. O primeiro passo será aprender a usar o telefone, pois atualmente ele não consegue entender os sons por não fazer leitura labial.

Há dez anos, Gilmar trabalha na Weg. Já fez curso de técnico em mecânica para crescer dentro da empresa e sonha aprender inglês, o que só conseguirá se estiver ouvindo bem.

– Ele escuta 18% do que falamos e, como sabe fazer leitura labial, isso aumenta a sua comunicação para 100%. Com o aparelho, ele não irá mais precisar fazer a leitura e vai aprender novas palavras, reconhecer novos sons – diz o médico.

Gilmar afirma que não se irrita por não escutar. Se ele não entendeu algo, pergunta novamente. O ruim é quando está em um grupo e todos falam ao mesmo tempo. Ou quando alguém fala de uma posição específica, que ele não tenha contato visual. Dessa forma, Gilmar não consegue decifrar os sons.

– Consegui ser um bom aluno, aprender e ter um emprego. Tive que me esforçar o dobro, mas já ouvi de diversas pessoas que não dá para perceber que sou deficiente, apesar da dificuldade para falar – afirma Gilmar, que planeja uma carreira sólida.

Estímulo da companheira

Na escola, Gilmar conta que os professores souberam trabalhar com a sua deficiência. Já os colegas tinham preconceito e debochavam, muitas vezes. Por isso, ele lembra que foi um jovem “briguento”. O lado bom dessa história é que Gilmar tinha a irmã para saber como enfrentar com os problemas diários.

Para fazer um curso técnico, a instituição de ensino ofereceu a Gilmar um segundo professor, mas ele recusou. Disse que sentia-se capaz para acompanhar a turma e conseguiu. Há seis anos, ele tem um relacionamento amoroso com Jacqueline. Gilmar diz que conquistou o coração da moça com a sua principal característica: a determinação.

– Ela não queria nada comigo, mas eu insisti. Todo dia, eu ia até a locadora para pegar um filme e ver ela. Escolhia os lançamentos porque tinha motivo para voltar e devolver o filme 24 horas depois – lembra, sorrindo.

Atualmente, Gilmar e Jacqueline são casados. Ele teve o apoio da esposa para fazer o implante. A companheira é paciente e repete quantas vezes for necessário para ele entender a mensagem.

Fonte: anoticia.clicrbs.com.br