Um dia após o fim do prazo para que as empresas de ônibus do transporte público urbano e rodoviário tiveram para garantir a acessibilidade de 100% da frota, o cadeirante Valdir Mello Pereira, 53, precisou ser carregado para dentro do ônibus da linha 101, para ir ao médico. Para ele, maior que o tempo que as empresas tiveram para se adequar à legislação – o que só conseguiram fazer com 70% da frota -, só mesmo o constrangimento de quem é portador de alguma deficiência física e depende do transporte público.
O sacrifício para entrar no ônibus não foi o único obstáculo no caminho de Valdir até o médico. Antes desse coletivo parar, outros passaram pela parada da avenida Epaminondas, no Centro, mas, apesar do usuário sinalizar a parada, não pararam. O ônibus da linha 101, da empresa Via Verde, passou direto, apesar de ter o adesivo informando que estava adequado ao deficiente. O segundo coletivo, da mesma empresa, parou no ponto, mas estava com a plataforma para cadeirantes quebrada.
“É o tal desrespeito com o deficiente físico. Não basta ter as plataformas, elas precisam funcionar. Quando o motorista resolve parar e tem plataforma, ela não funciona, aí preciso de ajuda de outras pessoas para ser carregado para dentro do ônibus. Fico com vergonha! Agora os donos das empresas irão pedir um prazo de mais dez anos para que elas funcionem, garanto”, reclamou.
A Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU) informou que faz fiscalizações periódicas nas garagens e terminais de bairros para checar o funcionamento das plataformas. Ela ainda destacou que as empresas são notificadas quando a fiscalização constata mal funcionamento das plataformas.
O Decreto nº 5.296, da Presidência da República, de 2004, estipula que todos os ônibus do transporte urbano tenham itens que promovam a acessibilidade. Atualmente, 71% da frota operante de ônibus em Manaus possuem a plataforma elevatória para cadeirante.
O superintendente da SMTU, Pedro Carvalho, disse que a vida útil de um ônibus é de dez anos, que os veículos que não têm a plataforma de elevação estão sendo substituídos gradativamente por novos, com a plataforma implantada.
Números
400 é o número de ônibus sem a plataforma elevatória para cadeirantes. Outros 1008 ônibus possuem a plataforma, 71% da frota operante. Na atual gestão, 152 novos ônibus foram integrados à frota do transporte e todos dotados com o equipamento.
Fonte: acritica.uol.com.br