Espaço Braille vira referência para alunos e professores de Pedagogia em São Bernardo
Grupo é maioria nas oficinas braille oferecidas pela Secretaria de Cultura
O Espaço Braille, ligado à Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Bernardo do Campo, tem servido de ponto de partida para professores das redes pública e particular de ensino e até mesmo estudantes de Pedagogia para promover a inclusão dos deficientes visuais em sala de aula. Eles são maioria nas oficinas braille oferecidas pela Administração, nas quais aprendem a ler e a escrever na linguagem dos deficientes visuais. A formação das turmas se dá de acordo com a demanda e os cursos ocorrem, em média, a cada dois meses. A oficina dura uma s emana e as aulas, com três horas de duração cada, acontecem de segunda a sexta-feira.
“Professores e alunos de Pedagogia são maioria, uns 95% nas oficinas. Para quem já é alfabetizado, o braille não tem segredo. Eles se interessam porque tem a questão da inclusão. É importante que aprendam, porque precisam saber como lidar em sala de aula quando recebem um aluno com deficiência visual”, comentou a agente de biblioteca e arquivos Cristiane Rufino, 35 anos, que também é deficiente visual e aplica as aulas.
O espaço, que funciona na Biblioteca Monteiro Lobato, no Centro, também é frequentado por alunos do Ensino Médio e universitários interessados no tema ou que estão fazendo pesquisas para conclusão de curso.
Cristiane perdeu a visão aos 15 anos, após ser acometida pela toxoplasmose (doença infecciosa, congênita ou adquirida, causada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii) e conta que não teve dificuldades para aprender braille. “A alfabetização em braille foi simples porque já sabia ler e escrever. No aspecto psicológico, no início a superação foi difícil, mas depois você vai criando metas e, com o tempo, a perda da visão se torna algo distante em relação a tudo que se pretende conquistar. Ensinar quem tem interesse tem sido muito gratificante. É mais uma meta que atingi”, disse a agente de biblioteca.
Estrutura — Nas aulas, o aluno usa os mesmos equipamentos de Cristiane na rotina do espaço, como um computador, que conta com sintetizador de voz que faz a leitura de tela e “fala” o que está sendo escrito, uma lupa (amplia o tamanho das letras para quem tem baixa visão), uma máquina braille (semelhante às antigas máquinas de escrever) e livros em braille, cujo acervo na Monteiro Lobato é de cerca de 1.200 exemplares.
O local conta ainda com o “livro falado”, CDs nos quais é possível ouvir histórias dos mais variados autores, a maioria brasileiros, entre os quais Machado de Assis, Jorge Amado, Eça de Queiroz e Graciliano Ramos.
Para a retirada de livros, é preciso se cadastrar levando comprovante de endereço e RG. O empréstimo é por um mês, renovável por igual período. O pedido de renovação pode ser feito por telefone, de modo que o usuário não precisa se deslocar até a biblioteca. Desde 2010, o Espaço Braille – criado em 1997 – oferece internet e envio de catálogos de livros às residências dos usuários.
Os interessados em participar das oficinas em braille precisam ligar e se inscrever pelo telefone 4125-1059. O espaço funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, e aos sábados, das 8h às 14h. A Biblioteca Monteiro Lobato fica na Rua Jurubatuba 1.415, Centro.
Fonte: segs.com.br