Alternativa. Muitas empresas contratam deficientes sem qualificação e oferecem treinamentos
Apenas 1% das vagas de trabalho oferecidas a pessoas com algum tipo de deficiência são preenchidas em Minas Gerais. Dos mais de 44 mil postos abertos no Estado em 2013, apenas 432 foram ocupados, segundo a Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese). O cenário permanece em 2014, já que de janeiro a junho foram ocupadas somente 195 das 18.485 vagas.
De acordo com a lei, os estabelecimentos com mais de cem funcionários precisam preencher entre 2% e 5% do seu quadro de empregados com pessoas com algum tipo de deficiência. Empresas e governo do Estado atribuem o grande déficit de mão de obra a dois fatores – a falta de qualificação dos candidatos e o medo que os portadores de deficiência têm de, ao entrar no mercado de trabalho, perder benefícios oferecidos pela Previdência Social.
Gerente de Recursos Humanos (RH) do Grupo Sada, Edson Durão afirma que as metas impostas pelo Ministério do Trabalho são difíceis de ser cumpridas, já que o mercado não tem reserva de profissionais prontos. “Como a maioria dos deficientes não tem qualificação, eles ocupam postos de trabalho considerados inferiores e são discriminados em todos os meios. Isso serve como fator desestimulante”, destaca.
Para se adequar à lei, muitas empresas optam por contratar deficientes sem qualificação profissional, e oferecem treinamentos para aproveitar a mão de obra.
Entrave. Durão aponta que os benefícios oferecidos pela Previdência Social aos deficientes acabam sendo um entrave para a contratação de novos profissionais. Por temerem não conseguir se fixar no mercado, muitos nem sequer buscam uma contratação. “Infelizmente, muitos deles acham que, ao trabalhar, vão perder o benefício previdenciário, o que não é verdade. Nisso, acabam se acomodando”, afirma o gerente de RH.
Subsecretário de Trabalho e Emprego de Minas Gerais, Hélio Rabelo avalia que a deficiência de pessoal precisa ser abordada em conjunto. “Não adianta apenas as empresas serem obrigadas a contratar. Temos que auxiliar na busca por profissionais que estão completamente afastados da economia formal”, destaca.
Baixa adesão se repete em cursos
A dificuldade na contratação de pessoas com deficiência existe também na hora de preencher as vagas de qualificação dos profissionais, segundo o subsecretário de Trabalho e Emprego de Minas Gerais, Hélio Rabelo. Os cursos oferecidos pela secretaria a deficientes não têm nem 30% das vagas preenchidas.
“Desde as escolas, despreparadas para receber os deficientes, eles não são estimulados a se qualificar. Essa cultura acaba se perpetuando, o que afasta as boas oportunidades de trabalho desse público”, lamenta.
Fonte: otempo.com.br