Empresa de ônibus é condenada por preconceito a cadeirante em Taubaté
A ABC Transportes, empresa que opera o transporte público em Taubaté, foi condenada a pagar uma indenização de R$ 20 mil a uma cadeirante vítima de preconceito. A deficiente decidiu acionar a Justiça após sofrer agressões verbais dentro dos ônibus do transporte público da cidade. A ABC informou que ainda não foi notificada da decisão
Há dois anos, a cadeirante cursava psicologia e perdeu provas importantes porque não encontrava ônibus adaptado para chegar à faculdade. Quando a mãe dela pediu para que a filha embarcasse em um ônibus comum, ela alega ter sido agredida verbalmente pelo motorista. A discussão foi parar na Justiça.
“É particular mesmo, de luta, de batalha, porque é muito difícil a gente ser reconhecido como cidadão, como pessoa ativa na sociedade. Isso traz um ganho muito grande”, afirmou a psicóloga Shirlei Menezes.
A empresa foi condenada por danos morais a pessoa com deficiência física em razão de humilhações causadas por funcionários. A jovem sofre de osteogênese imperfeita, doença conhecida popularmente como ‘ossos de vidro’. No processo, ela disse que chegou a fraturar o fêmur ao bater na porta de um ônibus, por ter sido apressada pelo motorista no embarque.
“Falta treinamento, falta eles terem esse contato, saber como tratar. Eles devem estar cumprindo horário, cumprindo tabela e isso tudo atrapalha. Quem está trabalhando sob pressão, tem pessoas que respondem bem e outras não”, disse.
A ABC Transportes informou que não foi notificada da decisão, mas que dá trainamento regularmente aos funcionários para lidar com deficientes.
Melhorias
A vitória da psicóloga foi comemorada por quem todos os dias passa por humilhações e dificuldades. “Todo processo, demanda que a pessoa com deficiência vai atrás é uma vitória. Não é só um direito, é um dever da pessoa com deficiência que, quando se sentir lesada em qualquer setor, ela tem que fazer valer seus direitos”, afirmou Luciana Magalhães, do Conselho da Pessoa com Deficiência.
Ainda assim, os deficientes enfrentam muitos problemas para transitar pelas ruas de Taubaté. “Precisamos fazer uma reavaliação sobre rampas que foram feitas, mas não são acessíveis”, disse o cadeirante Edson Luiz.
“O semáforo (sonoro) auxilia bastante porque o deficiente tem autonomia na travessia, mas é importante que o pessoal respeite a legislação de trânsito e principalmente o semáforo porque se não houver esse respeito vai acontecer muitos acidentes”, afirmou o educador Agnaldo Dátola.
Para amenizar esses problemas, a Secretaria de Mobilidade Urbana espera uma verba de R$ 3,5 milhões do Programa de Aceleramento do Crescimento (PAC). O projeto foi aprovado pelo governo federal e o dinheiro deve ser liberado ainda no primeiro semestre. “Vamos comprar 40 semáforos com sinais sonoro e também vamos ter o piloto da calçada segura. Vamos soltar o manual e fazer nas vias do centro”, afirmou a secretária Dolores Moreno Piño.
Atualmente só 30% da frota de ônibus de Taubaté é adaptada para deficientes. Uma lei federal exige que, até o fim desse ano, todos os ônibus em todas as cidades do Brasil sejam adaptados. “Haverá renovação de frota e os ônibus que são de 2010 para 2014 eles podem ser colocados elevadores”, disse a secretária.
Fonte: G1