Mulher diz ter sido barrada em banco por não ter carteirinha de deficiente
Uma mulher de 50 anos registrou um boletim de ocorrência contra o Banco do Brasil após ter sido barrada na entrada da agência, que fica no campus da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto (SP).
Áurea Aparecida Siscati tem deficiência em uma das pernas e diz que ficou 40 minutos do lado de fora do banco tentando convencer o segurança e o gerente da unidade de que não conseguiria passar pela porta giratória por usar um aparelho ortopédico metálico. Segundo ela, eles exigiram um documento que comprovasse o problema. “Passei por muito constrangimento. Foi muito humilhante”, diz.
Em nota, a assessoria do Banco do Brasil informou que, para entrar na agência, o cliente que possui aparelho ortopédico ou prótese precisa informar um funcionário para que tenha atendimento adequado. O banco não informou, no entanto, o motivo da contadora ter esperado 40 minutos na porta, mesmo tendo mostrado o aparelho ao gerente e ao segurança.
O caso aconteceu na sexta-feira (7). Áurea conta que evita ir até a agência por ter dificuldades de locomoção, já que segundo ela o estacionamento fica longe do banco e ela faz todas as movimentações de sua conta pela internet. “Quando preciso eu sempre peço para alguém ir até o banco para mim, porque o estacionamento fica longe. Mas, dessa vez, como queria regularizar minha senha da internet, que é por onde movimento minha conta, precisei ir pessoalmente”, diz.
A contadora que trabalha no campus da USP relata que caminhou, com dificuldade, até a agência. Sabendo que a porta giratória travaria ao identificar sua prótese de metal, Áurea afirma que comunicou o segurança do banco para que ele abrisse a porta de acesso a deficientes.
“A porta sempre apita quando eu passo, por isso, fui até o segurança e avisei que usava o aparelho e perguntei se ele podia abrir a de deficiente. Ele me perguntou se eu tinha uma carteirinha comprovando a deficiência, mas eu disse que não, e levantei parte da calça e mostrei o aparelho ortopédico que uso e a compensação na altura do salto, mas não adiantou e ele chamou o gerente”, diz.
Mesmo mostrando novamente a prótese, Áurea afirma que o gerente foi irredutível e também exigiu da cliente um documento que provasse sua deficiência. Durante o desentendimento, a contadora afirma que várias pessoas que a conheciam, já que ela trabalha há 20 anos na USP, tentaram convencer os funcionários de sua deficiência, mas as tentativas foram em vão.
Após 40 minutos de conversa, a contadora afirma que sua entrada só foi aprovada, após uma segurança passar um detector de metais pelo seu corpo e do equipamento acusar que havia um metal na perna esquerda dela.
Revoltada com a situação, Áurea registrou um boletim de ocorrência e avalia a possibilidade de processar o banco “Passei por muito constrangimento. As pessoas ficavam me olhando, nunca fui tão humilhada em toda minha vida. Mesmo mostrando minha perna, meu cartão de correntista, minha entrada não foi aprovada. Foi muito humilhante”, relata.
Procedimento
Procurado pelo G1, o Banco do Brasil informou por meio da assessoria de imprensa que caso o cliente use prótese metálica, ele deve procurar um funcionário para identificar-se e obter atendimento adequado, através de entrada alternativa, e que no caso de Áurea, o vigilante fez uso do detector de metais manual.
O Banco, no entanto, não explicou o motivo da correntista ter esperado 40 minutos pelo equipamento e sobre a exigência feita pelos funcionários da apresentação de um documento que comprovasse a deficiência.
Fonte: G1