Na Croácia, investigadores da Universidade de Zagreb estão a recorrer a robôs para diagnósticos e tratamentos em crianças com autismo. Os resultados têm-se revelado relativamente positivos
Luka é um menino croata com quatro anos de idade e que sofre de Desordem do Espectro Autista (DEA, ou ASD em inglês), uma deficiência no desenvolvimento que inibe competências de comunicação, sociais e comportamentais. A DEA é também difícil de detectar em crianças tão novas, o que significa que o seu diagnóstico, além de um tratamento adequado, só ocorre tardiamente, geralmente a partir dos cinco ou seis anos de idade.
O seu melhor amigo é um robô chamado Rene, produzido em França e que está a ser utilizado num projecto conjunto entre duas instituições da Universidade de Zagreb – a Faculdade de Educação Especial e Reabilitação e a Faculdade de Engenharia Electrónica e Computação – numa iniciativa que recorre a robôs de forma a poder realizar diagnósticos e um acompanhamento mais eficaz em casos de crianças que sofram desta desordem.
Este caso também não é único – Rene tem sido utilizado com o mesmo propósito por instituições de todo o mundo.
Robôs ao auxílio da humanidade?
O objectivo real de Rene não passa por substituir um terapeuta real, mas antes por funcionar como uma ferramenta que permite recolher dados mais facilmente e realizar testes a padrões comportamentais muito específicos.
Este pequeno robô vem equipado com colunas, microfones e é capaz de registar o que ocorre à sua volta (dados como vocalizações da criança, grau de proximidade com os seus pais, número de vezes em que inicia a comunicação ou o número de vezes em que estabelece contacto visual).
“Para crianças com autismo, o robô é um estímulo que é muito simples e sempre semelhante”, afirma a investigadora Jasmina Stosic, citada no Rferl.org. “As pessoas são muito complicadas para crianças assim porque, quando nós falamos, fazemos vários gestos. Num dia estamos a usar uma t-shirt vermelha, noutro uma azul. O robô é um estímulo constante, as crianças não precisam de pensar tanto em informações diferentes e podem assim concentrar-se no essencial”.
Segundo os investigadores, o pequeno robô tem originado reacções positivas nos testes realizados até à data. “Crianças com défice de atenção, que têm dificuldades em estabelecer contacto visual, reagem relativamente bem ao robô”, afirma a investigadora Maja Cepanec. “Elas observam-no e ficam entusiasmadas com ele. Até agora, as nossas experiências têm sido relativamente positivas”.
Fonte: I Online