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Pai faz faculdade para ajudar filho com paralisia se formar

Pai faz faculdade para ajudar filho com paralisia se formar

A lista de sacrifícios de um pai pode ser interminável quando o que se está em jogo é a felicidade de um filho. Essa máxima foi comprovada e sentida na pele por Manuel Joaquim Condez, de São Paulo, que dedicou quatro anos de sua aposentadoria para acompanhar o filho Marco Aurélio Condez em todas as aulas da faculdade e fazê-lo realizar o grande sonho de se tornar jornalista.

Nascido em julho de 1986 com paralisia cerebral, Marco Aurélio nunca se abateu com a limitação imposta pela vida. Por isso, mesmo com um quadro delicado que lhe deixou como sequela a disfunção dos braços e das pernas, ingressou na universidade aos 23 anos de idade e saiu de lá diplomado, graças à dedicação, força e determinação que herdou do patriarca da família.

Mas nem tudo foi fácil na vida de Marco e Manuel. Nos tempos de escola do jovem jornalista, o aposentado não foi autorizado pela instituição de ensino a acompanhar o filho durante as aulas, tendo de recorrer aos serviços de acompanhantes profissionais. No entanto, quando Marco chegou à faculdade, Manuel pôde, enfim, estar presente na sala de aula, ajudando o herdeiro a superar as limitações físicas e estudar.

Sem saber ao certo a dimensão da nova empreitada, o aposentado que há tempos não pisava numa sala de aula ficou assustado. “No início, relutei bastante. Não imaginava como seria a aceitação dos alunos e professores. Mas, com o tempo, fomos aceitos. Eu era tratado como um colega de sala e não como o pai do Marco”, conta.

Para o filho não foi diferente. Ainda sem se acostumar com a ideia de ter o pai como colega de classe, o começo de sua vida universitária lhe pareceu um pouco estranho. No entanto, com o passar do tempo, Marco acabou gostando e aproveitando a experiência. “Quanto eu tinha dúvidas, meu pai opinava, mas a decisão final era sempre minha. Ele nunca interferiu e nem interfere nas minhas escolhas”, afirma.

Exemplo de amor incondicional para a toda turma de alunos, pai e filho puderam contar com o apoio dos colegas de sala e professores durante todo o curso. “O Marco sempre foi muito carismático e soube conquistar o carinho e respeito de todos. Além disso, os professores nos passaram a segurança necessária para a conclusão da faculdade”, analisa o aposentado.

O apoio irrestrito dado ao ex-universitário também está presente nos demais membros da família Condez, que se empenham diariamente para tornar a vida de Marco a mais normal e agradável possível. “Não o tratamos como especial, damos a ele o mesmo tratamento dado à irmã. Vejo gratidão nos olhos dele, principalmente quando ele fala que sou a extensão de seu corpo”, afirma o patriarca.

Reconhecimento

Ciente do importante papel desempenhado pelo pai em prol da sua realização pessoal e profissional, Marco acredita que a ajuda que recebeu e recebe ainda hoje de Manuel não se resume apenas à parte física. “Ele é fundamental para que eu supere os obstáculos, me dá força e me incentiva. Me faz sentir como se eu pudesse fazer tudo. Sou muito grato a ele por toda a sua dedicação, pois eu não teria condições de cursar a faculdade sem a presença de um acompanhante. Em casa, ele me dá banho, me veste e faz tudo que exige força física de mim. Já na faculdade ,ele foi minhas ‘mãos’”, analisa.

Um novo sonho

A concretização do sonho de se formar na faculdade de jornalismo despertou, é claro, novos desejos em Marco. Agora, ele almeja exercer a profissão, colocando em prática tudo o que aprendeu nas aulas. “Hoje escrevo para o meu blog pessoal, onde faço comentários e análises sobre assuntos ligados ao futebol. Ainda não sei de que forma, mas pretendo trabalhar”, revela o recém-formado que também se dedica às aulas de inglês. “Meu pai também me acompanha no curso porque em time que está ganhando não se mexe (risos)”, brinca.

Fazendo o possível para que o filho tenha novas conquistas, Manuel segue ao seu lado, a fim de realizar um de seus maiores sonhos. “Espero que meu filho tenha uma ocupação que preencha sua vida. Ele quer ser reconhecido pelo seu trabalho e não pela sua condição física”, pontua.

Terra

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