Pessoas com deficiência dão exemplos de superação em Araçatuba
Chingler Xavier Martins é cego e, mesmo assim, passou em concurso municipal e, hoje, é um dos seis procuradores da Prefeitura de Araçatuba. A mulher dele, Adriana Viana Martins, é quem o leva e busca todos os dias no trabalho, além de ser sua acompanhante durante audiências ou visitas aos fóruns. “Ela é mais do que minha visão. Ela é minha metade”, declara.
Antes mesmo de ficar cego, Martins teve de lutar pela vida. Fruto de uma gestação de trigêmeos, ele e as duas irmãs nasceram prematuros, com apenas 6 meses e meio. Uma delas morreu sete horas após o parto. Com apenas 1,040 quilo, o procurador ficou 70 dias na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Neonatal na Santa Casa de Araçatuba, o que acabou afetando a retina. Ele desenvolveu a retinopatia, que progrediu para 100% de cegueira. A outra irmã não teve sequelas.
Apesar da deficiência, Martins afirma que nunca se sentiu como derrotado. “Eu nunca tive problemas com a deficiência. Nunca fui de ficar pensando ou me lamentando. Eu sempre segui o exemplo dos meus pais de que eu poderia fazer qualquer coisa. Nunca pensei que por ser deficiente eu não iria conseguir. Sempre pensei positivo e isso que me motivou.”
A motivação fez com que o atual procurador estudasse em escola pública e prestasse vestibular para direito, até conquistar o concurso público. “Hoje eu penso em alçar vôos ainda mais altos”, destaca. Para ele, o apoio da família e dos colegas de trabalho é fundamental para não desistir dos sonhos.
RODAS
Após nascer com paralisia cerebral e hidrocefalia, que é o acúmulo de líquor no cérebro, André Bertaco Magno, 27 anos, teve de conviver com uma cadeira de rodas e aposentar o sonho de jogar futebol. Mas, nem de longe, o problema de locomoção o desanimou. Ele cursou direito, passou no exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no ano passado e, agora, faz especialização na área cível.
“Quando eu era pequeno, queria ser jogador, mas eu sabia que não iria conseguir. Por isso resolvi fazer direito e estou me preparando para começar a atender clientes”, conta. Para ele, a cadeira de rodas não é sinal de limitação. “Eu sempre fui incentivado a desenvolver atividades e a fazer o que tinha vontade. Meus pais, irmãos e amigos sempre estiveram ao meu lado para ajudar”.
Folha da Região