Ícone do site Site Pessoas com Deficiência (PCD)

Deficientes visuais de Matão fazem a tradução de cardápios de lanchonetes

Com a intenção de estimular a inclusão social, alunos de braile da Associação dos Deficientes Visuais de Matão (Adevima) estão fazendo a tradução de cardápios de lanchonetes da cidade com a ajuda de uma máquina de escrever especial. Três estabelecimentos já aderiram ao menu adaptado e, com a distribuição gratuita de cardápios, a ideia é ampliar o número.
O trabalho, além de estimulante, é uma oportunidade de maior independência para os deficientes visuais. Os cardápios também possuem letras grandes para quem tem baixa visão.
Segundo a presidente da Adevima Lígia Ramos, o objetivo da entidade é mostrar que existe vida após a perda da visão. “Quando a pessoa perde a visão, geralmente ela se isola dentro de casa. Com o cardápio, eles têm um motivo a mais para sair”, disse.

O cardápio adaptado dispensa ajuda e isso estimula a inclusão. “Isso facilita muito. A gente chega à lanchonete e não precisa ficar esperando os outros para fazer o pedido para a gente. O cego gosta de comer também”, afirmou Santos.
Para Gilberto Sanches, dono de uma lanchonete com o cardápio adaptado, além da inclusão social, a ideia também será boa para os negócios. “São pessoas que vêm para gastar e isso interessa a todos, pois eles são consumidores também”, disse.

Aulas


Na associação, os alunos aprendem a digitar na máquina que marca os pontos em relevo, para que a leitura dos deficientes visuais seja feita com a ponta dos dedos. Porém, muitos ficam com a coordenação prejudicada quando perdem a visão e, por isso, também fazem exercícios para retomar o controle motor.
“Isso ocorre porque muitos ficam muito tempo parados sem se movimentar. Então a gente traz para a sala de aula para trabalhar primeiro a coordenação motora e o movimento das mãos”, informou a professora Adriana Georgeti.

Quando tinha 48 anos, o motorista aposentado Anésio dos Santos, que tem diabetes, sofreu um acidente e perdeu a visão. “Tive um apagão na minha vista e bati forte na traseira de outro ônibus. Fiquei 13 dias fazendo tratamento, mas em um sábado eu amanheci bem e quando chegou a tarde eu estava cego. Eu chorava o dia todo, para mim, nada mais tinha valor”, contou.
Com a ajuda da associação, Santos está aprendendo a ler em braile. “Precisa de muita sensibilidade nos dedos, então para a gente com mais idade fica difícil, mas estou correndo atrás e eu quero aprender”, garantiu.

G1