Um recurso tecnológico permite que pessoas portadoras de deficiência, que perderam a mobilidade nos braços e nas pernas, resgatem a possibilidade de se comunicar usando apenas o movimento das pálpebras. O sistem foi desenvolvido pelo engenheiro eletrônico do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) da Universidade de Coimbra (UC), Gabriel Pires.
A interface é formada por um computador portátil ligado a eletrodos que captam as ondas cerebrais acionadas com o piscar dos olhos. Os sinais são amplificados e reconhecidos por um software especial. A tecnologia permite ao usuário formar palavras e frasesusando um sistema que mostra as letras de forma aleatória, escolhidas com o movimento das pálpebras.
“É como se fosse uma antiga máquina de escrever”, esclarece Gabriel Pires. Segundo ele, o dispositivo ainda permite ao usuário ligar a televisão e as luzes, acionar alarmes via telefone, conduzir uma cadeira de rodas e realizar outras tarefas cotidianas, como conversar pelo computador ou enviar um e-mail.
“É um novo canal de comunicação que se abre para pessoas sem mobilidade e que, apesar da deficiência, estão com a capacidade cognitiva intacta.” A interface já está sendo produzida por uma empresa austríaca e o ISR trabalha agora no aperfeiçoamento da tecnologia para “diminuir o tempo de comunicação e aumentar a usabilidade”. O estudo aproxima Portugal de centros de excelência para pesquisa neurocientífica, como os que existem na Alemanha e nos Estados Unidos.
No Brasil, segundo dados do Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 2% da população é formada por pessoas portadoras de deficiência motora severa, como tetraplégicos, com paralisia cerebral ou esclerose lateral amiotrófica. Essas pessoas têm direito a linhas de financiamento para aquisição de produtos e serviços de acessibilidade, conforme o Programa Viver sem Limite.
Fonte: Terra