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Da depressão ao pódio: Dirceu lidera Brasil na bocha e fica perto do 5º ouro

Bicampeã individual e por equipes, atleta ajuda time brasileiro a ir à final da classe BC4, vira ídolo de rival da decisão e tem missão de inspirar pessoas com deficiência

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Descrição da imagem: Dirceu Pinto arremessa bola da bocha (Foto: Marcelo Regua/MPIX/CPB)

Dirceu Pinto veio ao Rio de Janeiro com uma missão: repetir o desempenho dos Jogos de Londres e se tornar tricampeão paralímpico tanto na prova individual como na por equipes. Neste domingo, ele deu um grande passo para isso, liderou o time brasileiro e, junto com os irmãos Marcelo e Eliseu Santos, venceu a Grã-Bretanha por 4 a 2 na semifinal da classe BC4 para garantir vaga na decisão contra a Eslováquia – Brasil também avançou à final da classe BC3. O jovem que um dia se prendeu à cama em uma depressão profunda quer continuar 100% em Paralimpíadas para inspirar outras pessoas com deficiência.

– Foi uma vitória emocionante. Eu e o Eliseu ganhamos as duas últimas Paralimpíadas e agora o Marcelo está aqui junto com a gente, ajudando para dar esse presente para os brasileiros, que é a medalha. Ainda não chegamos onde queremos.

Nossa meta é o número 1 do pódio, cantar o hino para emocionar os brasileiros.Nossa meta é ganhar a medalha para divulgar a bocha no Brasil e tirar de casa outras pessoas com deficiências, para viverem seus sonhos, assim como eu, o Eliseu e o Marcelo. A bocha adaptada é a única modalidade paradesportiva em que pessoas com deficiências severas podem praticar, como na classe BC3. A meta é ganhar o ouro para divulgar a bocha e tirar as pessoas de casa. Essa é a nossa missão – disse Dirceu.

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Descrição da imagem: Marcelo Santos, Dirceu Pinto e Eliseu Santos comemoram vitória (Foto: Marcelo Regua/MPIX/CPB)

Dirceu tem uma doença degenerativa muscular. Antes de os primeiros sintomas se manifestarem, ele era nadador e sonhava repetir os feitos do ídolo Gustavo Borges em Olimpíadas. Só que o corpo aos poucos foi enfraquecendo. Quando soube da doença, Dirceu entrou em depressão. Um período difícil, mas superado com a ajuda da bocha, com uma nova chance de ser um atleta de alto rendimento, um campeão.

– Dos 19 aos 22 anos eu fiquei preso dentro de casa. Estava em depressão. Não conseguia mais sair de casa por causa da minha doença. Quando conheci a bocha, minha vida foi transformada. Eu tinha o sonho de disputar a Olimpíada, porque dos 14 aos 19 anos eu fiz natação olímpica e não conquistei nada, porque meu corpo estava ficando fraco. Através da bocha adaptada, eu realizei meu sonho, não fico mais em casa, viajo com meus amigos trazendo bons resultados para o Brasil. Quero isso para outras pessoas também.

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Descrição da imagem: Dirceu e Eliseu sorriem no topo do pódio dos Jogos de Londres, em 2012 (Foto: Guilherme Taboada / CPB)

A vida de Dirceu passou a ser a bocha. Ele até “acelerou” a progressão de sua doença para continuar enquadrado na classe BC4 quando em 2005 foi notado que ele tinha mais força que os outros atletas – a categoria é destinada a atletas com deficiências severas. O atleta sabia que um dia só conseguiria andar de cadeira de rodas e antecipou essa data. A musculatura da perna enfraqueceu mais rápido. Assim, ele conseguiu disputar as Paralimpíadas de Pequim e de Londres e vencer tudo. Dirceu se tornou referência na modalidade e ídolo até mesmo de um adversário da final, Samuel Andrejcik, de apenas 20 anos.

– Ele é um jogador muito bom, é meu ídolo. Quando eu era mais jovem, vi muitos jogos dele na Paralimpíada de Pequim. Espero ser um bom adversário para ele. É incrível para nós chegar à final em nossa primeira Paralimpíada. A final contra o Brasil vai ser muito complicada, mas vamos tentar. Espero que seja um bom jogo – disse o eslovaco.

– O Samuel é um atleta especial. Eu estive com ele em um intercâmbio na Inglaterra. Ele sempre nos cumprimenta, mesmo a gente não entendendo nada de eslovaco. Mas desculpe a Eslováquia, vamos atropelar nessa final. O ouro vai ser do Brasil – disse Dirceu.

A partida entre Brasil e Eslováquia na final da classe BC4 está agendada para esta segunda-feira, às 14h, na Arena Carioca 2. Pouco depois, às 17h30, mais uma equipe brasileira briga pelo ouro. Antônio Leme, Evani Soares e Evelyn Oliveira encaram a Coreia do Sul na decisão da classe BC3.

Fonte: Globo Esporte

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